As taxas de juros estabelecidas pelos bancos centrais, como o Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED), desempenham um papel crucial na economia global. Estas taxas de referência determinam o custo do crédito no sistema financeiro, influenciando diretamente as taxas de juros que os bancos e outras instituições financeiras cobram em empréstimos a empresas e particulares. Quando os bancos centrais fazem alterações nestas taxas, procuram atingir objetivos macroeconómicos, como controlar a inflação, estimular o crescimento económico ou manter a estabilidade financeira.
Em 2022, iniciou-se um dos ciclos de subida das taxas de juros mais rápidos da história, conduzido pelos principais bancos centrais mundiais. O motivo foi a subida acentuada da inflação, que forçou a adoção de uma política monetária agressiva com o objetivo de diminuir o consumo e, assim, controlar o aumento dos preços. Como os empréstimos se tornam mais caros, por exemplo para as famílias com crédito à habitação, espera-se que a capacidade de consumo destas diminua, resultando numa desaceleração na procura de bens e serviços. Esta estratégia visa reduzir a pressão inflacionista, equilibrando a economia ao restringir o acesso ao crédito e moderar o ritmo de crescimento económico.
O gráfico acima ilustra a rapidez com que a FED optou por subir as taxas de juro passando de 0,25% a 5,50% no espaço de cerca de 1 ano e 4 meses. Esta medida causou uma desaceleração económica e conduziu à pretendida descida acentuada da inflação. De momento, a FED ainda mantem o nível dos juros no patamar mais elevado, mas os especialistas estimam que iniciará uma descida gradual até ao final deste ano.
Com respeito ao Banco Central Europeu (BCE), registou-se um comportamento semelhante e depois de um período prolongado de taxas de juro perto de 0%, assistimos a uma escalada dos juros até aos 4,5%, em pouco mais de um ano. Na última reunião, no entanto, este organismo europeu já iniciou o processo de descida das taxas de juro cuja duração e ritmo ainda é incerto.
A descida das taxas de juro refere-se à redução das taxas de referência que os bancos centrais utilizam para emprestar dinheiro às instituições financeiras. Estas taxas, influenciam diretamente o custo do crédito no sistema financeiro.
Quando os bancos centrais decidem baixar estas taxas, o objetivo principal é tornar o crédito mais barato e acessível. Uma atuação desta natureza permite que empresas possam financiar projetos de expansão e inovação com custos mais reduzidos, e que os consumidores obtenham empréstimos, como crédito habitação e consumo, a taxas de juro mais baixas. Assim, a descida dos juros é uma ferramenta fundamental de política monetária utilizada para estimular o crescimento económico, uma vez que incentiva o investimento e o consumo.
No contexto do mercado de ações, uma política monetária expansionista tende a criar um ambiente favorável para a valorização das ações. Quando os bancos centrais reduzem as taxas de juros, o custo do capital diminui, facilitando o financiamento para as empresas. Com empréstimos mais baratos, as empresas podem investir em expansão, inovação e contratação de novos colaboradores, com objetivo de aumentarem os seus lucros futuros. Este facto é particularmente impactante nas áreas de negócio mais dependentes de financiamento, já que os custos do mesmo diminuem.
Assim, todo este otimismo em relação às perspetivas de crescimento das empresas atrai habitualmente os investidores que procuram valorizar o seu capital.
Apesar desta ser uma tendência geral verificada no passado, importa realçar que existem outros fatores externos que podem ter uma influência decisiva na reação dos mercados acionistas. Política e conflitos militares são dois exemplos de fatores que afetam os mercados financeiros e podem introduzir volatilidade e incerteza. No entanto, quando os bancos centrais adotam políticas monetárias expansionistas, o ambiente económico tende a ser mais favorável, criando oportunidades significativas para os investidores mais atentos!